Por Renata Salakovic.
Flexibilizar conteúdos não significa oferecer conteúdos exclusivos aos alunos com deficiência, mas buscar maneiras para tornar os assuntos compartilhados com a turma, mais compreensíveis para quem precisa. Educador, colegas e o próprio aluno podem ajudar nas adaptações necessárias.
Desenvolvimento Infantil.
Os primeiros anos de vida de uma criança são marcados por grandes transformações e descobertas. Aos poucos, os pequenos começam a entender o mundo em que vivem e aprendem a lidar consigo mesmos e com os outros.
Uma das estrelas participantes da novela Páginas da Vida tem síndrome de Down. Aos 7 anos, Joana Morcazel estuda numa escola particular em São Paulo e com seu trabalho na mídia e o incentivo dos pais, mostrou que é possível construir uma sociedade mais humana e inclusiva.
Joana Mocarzel, 7 anos, a Clara na novela Páginas da Vida, da Rede Globo e sua mãe Letícia Santos. Foto: Fernanda Sá.
Quando descobriu a deficiência de Joana, o casal não tinha muita informação. Com o passar dos dias, na conversa com os pais de outras crianças com Down e lendo sobre o assunto, os dois enxergaram soluções mais simples do que imaginavam. A literatura, no entanto, era muito clínica e havia pouco material sobre o dia-a-dia dessas pessoas. Como vivem? Que perspectivas têm para o amanhã? Por causa dessa inquietação, eles decidiram fazer o documentário Do Luto à Luta, com depoimentos sinceros e corajosos de crianças e jovens e de seus pais, mostrando que há, sim, um futuro promissor pela frente e que nenhuma deficiência pode determinar as possibilidades de quem a tem.
As muitas faces da inclusão.
Apesar de citarmos apenas a inclusão de quem tem deficiência mental, física ou sensorial, vale lembrar que a Declaração de Salamanca – documento sobre princípios de Educação Inclusiva, de 1994 – estabelece que a escola inclusiva é aquela que contempla muitas outras necessidades educacionais especiais: crianças que têm dificuldades temporárias ou permanentes, que repetem de ano, sofrem exploração sexual, violação física ou emocional são obrigadas a trabalhar, moram na rua ou longe da escola, vivem em extrema condição de pobreza, são desnutridas, vítimas de guerras ou conflitos armados, têm altas habilidades (superdotadas) e as que, por qualquer motivo, estão fora da escola (em atendimento hospitalar, por exemplo). Sem esquecer daquelas que, mesmo na escola, são excluídas por cor, religião, peso, altura, aparência, modo de falar, vestir ou pensar. Tudo isso colabora para que o estudante tenha cerceado o direito de aprender e crescer.
“O aluno com dificuldade de aprendizagem é um estímulo para o professor desenvolver estratégias de ensino”.
(Windyz Ferreira)
A escola só ensina todos quando fica atenta à necessidade de respeitar o ritmo e observar as capacidades de cada um, em vez de enfatizar as limitações. “Quem tem dificuldade em Matemática pode se sair bem em linguagem”, exemplifica a especialista Windyz Ferreira, coordenadora do projeto Educar na Diversidade, do MEC, e consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). É importante também ouvir do aluno com deficiência o que ele considera válido para o seu bom desempenho na escola, pois ele sabe da sua condição e pode dar contribuições valiosas. E é preciso, para ouvi-lo, estar aberto a suas formas de comunicação, mesmo que seja por escrito, em desenhos, em braile, pelo computador ou pelas mãos que se movem dizendo: “Tenho direito a aprender”.
O assunto é o mesmo para todos, mas você deve buscar maneiras de torná-lo mais compreensível para quem precisa.
Equipamentos necessários instalados, sala de recursos pronta, professor-assistente a postos, estudantes com diferentes desempenhos nas diversas disciplinas. A inclusão está garantida? Não. Independentemente de possuir ferramentas tecnológicas, espaço e estratégias adequados, em alguns casos é preciso adaptar principalmente a essência do que se vai buscar na escola: o conteúdo. O educador tem de refletir com antecedência sobre o tema da aula e as possíveis flexibilizações para permitir que todos aprendam. As exigências na avaliação devem ser tão diversificadas quanto a própria turma.
FONTE:
Revista Nova Escola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário